Você já sentiu ou sente ciúme? Para o senso comum sentir ciúme é normal e até uma forma de mostrar que ama a pessoa. Diz-se que se o ciúme não for exagerado pode ser uma forma de deixar a relação mais interessante. Há quem diga que não sente ciúme, ou que ter ciúme é cuidar de quem se ama.
Enfim, muito se diz e pouco se sabe, ou será o contrário?
De acordo com a definição do dicionário Oxford Languages, ciúme é um estado emocional complexo que envolve um sentimento penoso provocado em relação a uma pessoa que se pretende o amor exclusivo. Nessa definição vimos que o ciúme pode provocar sofrimento na pessoa que está passando por esse estado emocional.
Sabemos que o ciúme pode ser entendido por diversos vieses, no entanto te convido, querido leitor, a refletir sobre o que Freud o pai da Psicanálise apresentou sobre esse tema em seu artigo “Alguns mecanismos neuróticos no ciúme, na paranoia e no homossexualismo” (1922).
Para Freud o ciúme é um estado emocional normal, assim como o luto. Porém, o sujeito tem um papel crucial aqui, pois dependendo da sua relação com o objeto estimado ele pode dar dimensões diferentes ao ciúme tornando-o patológico.
Sendo assim, ter ciúme é normal quando se tem um pensamento de não querer dividir ou perder o objeto amado. Faz parte das relações entre os sujeitos.
No entanto, o ciúme pode partir dessa relação de normalidade para algo que Freud chamou de ciúme projetado, quando o sujeito imputa seus desejos no outro. Por exemplo, quando acusa o parceiro (A) de o estar traindo, na realidade é ele que possui esse desejo.
Depois de Freud dizer que o ciúme pode ser normal ou projetado, ele segue para a terceira categoria, onde apresenta o ciúme delirante, que é quando o sujeito tem certeza que o outro o está traindo, podemos dizer que aqui se encaixa a psicose, pois nada convence esse sujeito do contrário, ele tem certeza da traição que está acontecendo.
Por fim, Freud coloca que aquele sujeito que diz não sentir ciúme, o faz inconscientemente, pois o reprimiu, e dessa forma este vai desempenhar um papel maior em sua vida mental de maneira simbólica.
Diante dessa breve reflexão é possível perceber que o ciúme faz parte das emoções humanas, e que nós como sujeitos ativos, exercemos um papel crucial nessa relação.